The Ultimate Sniper – o Sniper Supremo
Uma síntese de conceitos para snipers, do livro de John Plaster[i].
Parte 1 – Camuflagem para Snipers.
The Ultimate Sniper: An Advanced Training Manual for Military and Police Snipers – Updated and Expanded Edition. ISBN 0-87364-704-1
Até hoje inédito no Brasil, o livro foi publicado em 1993 e depois atualizado em 2006. Contém referências históricas e bibliográficas, discorre sobre equipamentos e uniformes, balística, esconderijos, deslocamento furtivo, táticas, tracking, operações noturnas e em ambientes incomuns… Enfim, um verdadeiro e completo manual.
Durante a guerra no Iraque, pouco antes do surge de 2007, vídeos de propaganda insurgente mostraram snipers locais alegando ter aumentado em muito sua eficácia após estudarem a obra de Plaster. Entre eles estava o famigerado “Juba, the Sniper” que, acredita-se, havia alvejado mais de vinte militares americanos.
Dois capítulos chamam a atenção, por sua abrangência universal e por se manterem atuais através dos anos. São eles:
Capítulo 13, Camouflage for Sniping; e
Capítulo 14, Stalking and Movement (“Espreita e Movimento”).
Para uma discussão sobre os principais elementos que influenciam a preparação de nosso material e de nossa conduta de campo, e que determinam as características essenciais de ghillies e capas complementares, faremos uma síntese desses dois capítulos em forma de listas, para maior facilidade de apresentação e de memorização. Recomendamos a leitura da obra toda para uma compreensão mais profunda desta arte.
Do Capítulo 13, Camouflage for Sniping, aprendemos conceitos e técnicas essenciais, das quais ressaltamos:
- Camuflagem é parte ciência, parte arte, e explora vulnerabilidades no modo como olhos e cérebro processam informação visual.
- Nem mesmo a melhor camuflagem traz invisibilidade. É necessário usar a razão e fazer concessões na busca de uma ocultação realista.
- Até mesmo uma pequena quantidade de camuflagem pode salvar sua vida ao complicar a mira de seu adversário, mesmo que ele consiga detectá-lo.
- Diferente do que possa parecer, e talvez contrariando a expectativa do leitor sobre um texto instrucional escrito por um fabricante, ghillies devem ser a exceção, não a regra. São trajes quentes, que implicam em maior necessidade de água pelo usuário. Seu arranjo é complexo, consome tempo antes e durante a movimentação em campo, e gera um emaranhado de fibra e tecidos que pode dificultar a locomoção e gerar ruído adicional. Geralmente é ou possui materiais inflamáveis.
- A camuflagem sobre uma superfície deve ser assimétrica. No uso de folhagem local, sisal ou trapos, faça arranjos irregulares e aleatórios em todos os quesitos: concentração, espaçamento, tamanhos, formato, materiais.
- Ajuste seu material ao ambiente onde você se encontra. Cores, sim, mas não somente isso. Considere texturas, formato da folhagem, densidade, profundidade. Atualize à medida em que muda de local.
- Posicione-se em meio à folhagem (tenha folhagem à sua frente E às suas costas).
- Esteja atento aos elementos do ambiente na faixa de altura (ou distância do solo) em que você resolveu se posicionar. Há diferenças na vegetação que encobre um atirador rente ao solo, ou 45-65 cm acima (atirando sentado ou por atrás de cobertura, por exemplo).
- Contornos e formas são mais importantes que o interior de um objeto. Manchas escuras no equipamento confundem e dificultam a capacidade do observador de identificar seu contorno, por criar a ilusão de espaços vazios. Logo, na dúvida da escolha de tom, escolha o mais escuro.
- Olhos humanos são estruturas altamente especializadas na identificação de padrões e formas. Tanto os contornos humanos quanto os pontos mais proeminentes de um rosto produzem jogos regulares de luz e sombra que precisam ser atenuados ou invertidos para vencer essa especialização.
- Oculte o rosto com telas ou véus, ou escureça todo ele para reduzir o brilho natural da pele (não importa a sua cor). Se quiser fazer uma pintura facial mais elaborada, clareie os pontos côncavos (olhos, interior das orelhas, dobra do queixo) e escureça os mais proeminentes (nariz, ponta do queixo, maçãs do rosto, testa).
- Disfarce formas retas e círculos perfeitos, como canos e lentes, que não existem na natureza.
- Altere a linha dos ombros, pescoço e cabeça com concentração de materiais.
- Mas… lembre-se de evitar simetria e padrões!
Já do Capítulo 14, Stalking and Movement (“Espreita e Movimento”) retiraremos lições sobre a atitude e o comportamento do caçador. Clique aqui para ler a continuação!
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[i] Nascido nos Estados Unidos em 1949, John Plaster serviu 3 tours de combate no Vietnã como membro do renomado SOG (Studies and Observation Group). Entre 1968 e 1971, conduziu patrulhas de reconhecimento atrás das linhas inimigas no Laos, no Camboja e na Trilha Ho Chi Minh, como membro do Recon Team New Mexico. Recebeu uma Bronze Star, entre outras condecorações.
Foi para a Reserva com o posto de major e, desde então, atuou como instrutor de tiro de precisão e técnicas de campo para diversas agências do governo dos EUA, como o FBI, US Marshals, Navy SEALs e USMC, além de tropas estrangeiras, como a Polícia Montada Canadense e a Legião Estrangeira Espanhola. Desde 1993 atua como instrutor no conceituado Gunsite Training Center.
Um dos mais respeitados snipers e instrutores do mundo, suas experiências em campanha serviram de base para o game Call of Duty: Black Ops, para o qual atuou como consultor.
Autor de livros técnicos e históricos sobre e a arte do tiro de escol e sua aplicação no contexto do combate, tornou-se uma das principais referências no assunto com a obra The Ultimate Sniper: An Advanced Training Manual for Military and Police Snipers (ISBN 0-87364-704-1).
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