Um traje ghillie é um tipo de vestimenta empregada para camuflar-se em um ambiente específico, assemelhando-se à vegetação e terreno locais e, principalmente, disfarçando as linhas da forma humana. É utilizado por francoatiradores (“snipers“), caçadores e praticantes de esportes de ação como airsoft e paintball.
Como costuma acontecer, o termo tem mais de uma origem provável. No dialeto gaélico, o substantivo “gille” se refere a um rapaz empregado numa propriedade rural. Já nas lendas escocesas, “Ghillie Dhu” ou “Gille Dubh”, o “Garoto Escuro” era um espírito da floresta. De cabelos negros e usando folhas e musgo como vestimenta, morava no tronco de uma bétula. Tímido mas benevolente, foi avistado diversas vezes no século XVIII e teria salvo uma garotinha que se perdeu na floresta.
Gair Loch em 1897.
Seja qual for a origem correta da palavra, o primeiro registro oficial de uso do equipamento foi feito durante a Segunda Guerra dos Bôeres (atual África do Sul, 1899 – 1902). O regimento responsável, formado inicialmente recrutando guarda-parques das Terras Altas Escocesas, foi o dos Lovat Scouts. Em 1916, viria a se tornar oficialmente a primeira unidade de snipers do Exército Britânico. Seu primeiro comandante, o Major norte-americano Frederick Burham, os descrevia como “metade lobo e metade coelho”. Ele costumava dizer: “aquele que atira e corre vive pra atirar em outro dia” (“he who shoots and runs away, lives to shoot another day” é a saborosa frase original).
Burnham na África.
Os ghillies completos podem ser muito quentes e desajeitados, limitando a capacidade de ação do usuário e até mesmo induzindo estados de desidratação e insolação. Há hoje a tendência de, em grande parte das aplicações, utilizar ghillies parciais, com foco em disfarçar as linhas mais características do corpo humano. Trata-se de uma peça que cobre cabeça, pescoço e ombros, e a parte superior dos braços. Esta solução garante algumas vantagens adicionais:
- Uma mobilidade muito maior, sem perda da função do traje;
- Possibilitar o uso do ghillie por soldados que não exerçam, especificamente, a função de sniper;
- Maior compatibilidade com mochilas e coletes balísticos, podendo ser usado por precursores ou linhas regulares em função de patrulha;
- Melhor adequação a climas quentes;
- Conceito modular: ao contrário do ghillie completo, pode ser usado sozinho ou complementado com capas destacáveis (para as costas e tronco; para a arma; para cobrir cabeça e instrumento ótico, etc.), adequando o equipamento à missão.
Foto do autor. Fim de tarde, sem edição.
O sistema de ghillie da PrepNetBR foi planejado e produzido com base em modelos estrangeiros consagrados, revisado segundo a base teórica aplicável e readequado ao clima brasileiro. Usando materiais nacionais sempre que possível, temos cores foscas, compatíveis com o fardamento e os equipamentos mais difundidos. A base é um brim ripstop de qualidade, resistente, com aplicação de tela onde possível, para maior visibilidade e melhor dissipação de calor. A luz, filtrando pelo tecido telado, também dificulta a percepção de um observador sobre formas e profundidade, ampliando o resultado do traje.
O tamanho é único, com modelagem ampla, e pontos de regulagem no capuz, nos ombros e nas mangas 3/4. A superfície externa possui um trançado quadriculado que permite a aplicação e remoção de camuflagem natural e artificial com grande facilidade e rapidez. Às costas e abaixo da linha dos ombros, 3 pontos de amarração permitem a instalação e fácil retirada de uma capa telada e trançada (vendida separadamente), sem presilhas plásticas quebráveis, que seriam barulhentas e atrapalhariam o uso de mochilas e bandoleiras.
Ghillie Vanish da PrepNet.
Alguns atiradores gostam de contar com uma cobertura adicional. Assim, desenvolvemos uma capa complementar à ghillie, fabricada com os mesmos materiais e padrões, para uma integração modular perfeita. Um desenho semicircular na parte de cima permite o encaixe e amarração nas costas do ghillie. A forma retangular segue até abaixo da linha do quadril. O trançado possibilita a regulagem de altura e o uso solto ou preso ao corpo, e a colocação de cordins para enrolar a capa sobre os ombros apenas pelo tato, sem necessidade de retirar o equipamento. O conjunto ganha versatilidade, pois as capas auxiliares podem ser retiradas, reposicionadas e usadas em diferentes combinações, cobrindo:
- O corpo do atirador;
- A posição do atirador em relação ao ponto de vista de observadores (cobertura de “sniper hide” ou “spider hole”);
- Material junto ou próximo do corpo do atirador: mochila, armamento principal e adicional, lunetas e binóculos auxiliares, etc.;
- Equipamentos deixados em outras posições, camuflados para recuperação futura;
- Pontos de chamariz ou armadilhas, sugerindo uma falsa localização do sniper para o inimigo.
Foto do autor. Fim de tarde, sem edição.
Uma outra capa, projetada para cobertura específica de um fuzil com luneta de longo alcance, completa o conjunto.
Cada atirador pode aplicar seu conhecimento e experiência para ajustar seu conjunto pessoal de camuflagem, e torna-lo perfeitamente adequado a sua técnica e a cada teatro de operações, e a diferentes estações do ano em um mesmo local.
Leitura complementar:
- Quer saber mais sobre como montar e usar seu ghillie para vencer as habilidades do olho humano? Acesse The Ultimate Sniper – Parte 1 – Camuflagem para Snipers
- Gostaria de conhecer os principais elementos para uma movimentação furtiva no teatro de operações? Veja The Ultimate Sniper – Parte 2 – Espreita e Movimento